04/05/2010

UM POUCO DA VIDA DE ALAN FONTELES

Desde que tomou consciência de suas habilidades mais primárias, o ser humano vive de superar os próprios limites. Ele não voava e hoje se locomove mais rápido do que o som. Ele não sonhava em escalar montanhas e um dia viu o mundo da lua. Ele não falava e hoje comunica-se em ritmo frenético com qualquer lugar do globo.

O paraense Alan Fonteles foi privado da capacidade de andar. Uma falha congênita não permitiu que suas pernas se desenvolvessem completamente e elas cresceram apenas até um pouco abaixo do joelho. Mas hoje, aos 17 anos, o menino que não poderia andar, corre. E como corre…

“O Alan tinha oito anos quando veio me procurar, no Projeto Papo Cabeça, de iniciação esportiva, que a gente tem em Belém”, recorda a técnica Suzete Montalvão, que viu o dom do paraense para o atletismo nascer. “A mãe dele (Cláudia) me perguntou se ele podia treinar atletismo com os outros meninos e eu disse que sim, que não teria problemas. Mas aceitei um pouco assustada, porque aquilo era algo novo para mim. Nunca tinha treinado um atleta paraolímpico”, continuou.

O susto de Suzete, aos poucos, foi dando lugar à tranquilidade e à percepção de que Alan, de fato, era especial. “A primeira coisa que eu fiz foi conhecê-lo. Deixei-o livre e aos poucos fui percebendo a sua capacidade. Ele sempre foi um guerreiro”, resumiu. 


Encontro histórico com Rivaldo

A guinada na carreira de Alan Fonteles, que o levaria às Paraolimpíadas de Pequim, começou a ser desenhada em 2006, quando o destino do atleta se encontrou com o do brasiliense Rivaldo Martins. 

Triatleta, Rivaldo sofreu um acidente de ônibus em 1986 e, em consequência dos ferimentos, teve parte da perna esquerda amputada 10cm abaixo do joelho. Exemplo de superação, ele não só voltou a competir, como foi além e tornou-se especialista em ironman, onde chegou a es tabelecer a melhor marca do mundo na prova entre os amputados. 

“Eu corria com próteses convencionais, feitas de madeira, e estava em uma competição em Belém. Foi lá que o Rivaldo me viu correndo”, lembrou Alan. “Ele me chamou e disse: ‘olha, eu vou te ajudar, vou conseguir próteses especiais para você correr”, continuou o paraense. 

“Em 2007, me chamaram para ir a São Paulo para fazer os encaixes da prótese e saíram as lâminas. Foi quando eu digo que estourei no atletismo. Consegui ir p ara meu primeiro mundial, minha primeira paraolimpíada e consegui bater recordes brasileiros”, agradeceu. 

“Quando eu o vi correndo naquela prova, usando aquelas próteses absurdas, totalmente obsoletas, decidi que iria ajudá-lo”, contou Rivaldo. “Eu entrei em contato com uma fundação norte-americana, a CAF (Challenged Athletes Foundation), da qual eu faço parte, e aí nós viabilizamos as próteses”, continuou o triatleta. (LRM) 

Planos audaciosos no esporte e na vida

Desde criança, Alan sempre teve um histórico de quem superou as suas limitações. De acordo com Claudia, ele aprendeu a andar antes de completar dois anos. Aos três, já andava de bicicleta pelas ruas próximas de sua casa. 

“Ele nunca teve barreiras, sempre foi ousado, jogava futebol como qualquer outro menino da idade dele, ninguém acredita”, disse a mãe, orgulhosa. Ousadia esta que não para de crescer. O menino que superou as próprias limitações do corpo e correu rápido para conseguir driblar o destino ainda não chegou ao seu objetivo principal. 

“É claro que me sinto realizado. Porém, ainda tenho muito que conquistar. Agora é ganhar uma medalha individual nas próximas Olimpíadas Paraolímpicas. Essa é a minha meta”, ele explicou. 

Para isso, Alan Fonteles tem uma dura rotina de treinos diários e viagens para disputar novos títulos, além de ter que se concentrar nos estudos. Ele cursa o segundo ano do nível médio em uma escola particular de Belém. “Ainda é um bom aluno, mesmo com a falta de tempo”, revelou a mãe. 

Mais que um grande atleta, Alan Fonteles é um exemplo para outros portadores de necessidades especiais. “O conselho que eu tenho para dar às outras pessoas que estão na mesma situação que eu é não se acomodar. A família também precisa ter a iniciativa de fazer com que essas pessoas não fiquem tidas como aposentadas. O esporte é sempre uma boa opção, independente da modalidade”, disse.


Único atleta nacional com duas próteses

Como qualquer outro atleta, Alan passa por um período do ano em que faz musculação intercalada com treinamentos na pista. Quando chega mais perto das competições, ele se dedica apenas aos exercícios específicos do atletismo. Faz alongamentos, aquecimentos e controla a respiração. Depois, o único brasileiro a correr com duas próteses as prepara para mais uma longa tarde de treino. 

Susete Montalvão sempre está por perto, acompanhando o ritmo do garoto. Ela, que aceitou de imediato treiná-lo, fez isso de praxe. “Eu aceitei como fiz com outros alunos que chegam. Meu trabalho é esse, dizer sim. Mas ao longo do processo, o Alan foi demonstrando que tinha um diferencial, ele sempre teve uma força de vontade de impressionar”, disse. 

De acordo com Susete, qualidades não faltam para que Alan brilhe ainda mais no futuro. “Ele tem algo muito diferente. De todas as qualidades que tem, que são inúmeras, uma sempre me chamou a atenção. É que ele nunca usou de sua deficiência para se beneficiar de nada. Sempre disputou de igual para igual. Ele, por lei, tem direitos. Mesmo assim se iguala a todo mundo. Estou muito feliz pelo que ele vem apresentando, e ainda tem muito que crescer. O Alan ainda está na metade do caminho. E esse ano foi maravilhoso para ele, cada vez mais bateu novos recordes”. 

Por que se orgulhar?

Alan Fonteles, com apenas 17 anos, já é considerado pelo Comitê Paraolímpico Brasileiro como um dos principais atletas deste segmento no Brasil. Além de ser uma das maiores promessas para as Paraolimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, ainda é fonte de inspiração para outras pessoas que possuem necessidades especiais.

www.atletasperere.com.br/imagens/alan-fonteles.

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